Uma hora por dia, não sabe o mal que lhe fazia !
Estou de viagem para mais uma apresentação da Coleção Pré-Escolar da Porto Editora e, quando olho à minha volta, não faltam exemplos daquilo de que vos falo hoje.
Já sabíamos de outros estudos e recomendações internacionais que os ecrãs deveriam estar fora do alcance dos bebés, até pelo menos aos 2 anos de idade e, posteriormente, somente por períodos de 20 minutos seguidos, com a companhia de um adulto que possa “traduzir” o que se vai passando no ecrã.
Mas, mais recentemente, outro estudo veio enfatizar os efeitos nocivos que esta exposição tem para o desenvolvimento cerebral do bebé, chamando à atenção para a sua relação direta com as perturbações de sono dos mais pequeninos, que tantos Pais trazem às minhas consultas.
Uma recente investigação, descobriu que cada hora que uma criança passa à frente de tais dispositivos eletrónicos, significa uma perda de 16 minutos de sono!
Este estudo revelou também que alguns bebés entre os 12 e 18 meses chegam a passar cinco horas por dia em frente aos tablets e afins, e digamos que neste aspeto a nossa sociedade não andará muito longe, o que é deveras preocupante.
Mais preocupante ainda é que, mesmo os bebés com menos de 12 meses passam cerca de 2,5 horas por dia frente a touch-screens.
Os efeitos destas horas passadas à frente destes novos “brinquedos” são, a pior qualidade do sono de dia, menor quantidade de sono de noite e maior dificuldade em adormecer. Verificando-se uma perda de 16 minutos de sono por cada hora em frente aos telemóveis, tablets , entre outros. Estas perturbações têm a ver com quatro mecanismos potenciais, entre eles: o impacto da luz azul, que pode afetar o relógio interno (ritmo circadiano) interrompendo os ritmos circadianos, a estimulação causada pelo conteúdo dos jogos ou programas, e o aumento da excitação psicológica e fisiológica.
Todos nós sabemos o quanto o sono é importante para o desenvolvimento do cérebro, especialmente durante os primeiros anos de vida, quando o crescimento cerebral e a “plasticidade neural” é maior.
Para além disso estas crianças que passam mais tempo em frente a ecrãs são também as que se encontram em maior risco de desenvolver certas patologias como por exemplo a Hiperatividade.
Por isso, e na falta de mais estudos, sugiro cautela no uso e “abuso” destes aparelhos!