Como prevenir o abuso sexual
A propósito das recentes noticias e das minhas consultas, onde não tão invulgarmente aparecem pessoas que passado alguns meses no divã referem terem sido abusadas na sua infância e crianças com menos de 5 anos com histórias de abuso, a maior parte delas por parte de conhecidos ou familiares, decidi hoje abordar este tema aqui no blog.
Nós ensinamos os nossos filhos tudo o que diz respeito à sua segurança, a ter cuidado com o fogão quente, a ter cuidado ao atravessarem a rua, etc mas muitas vezes a segurança do seu corpo é omitida, porque achamos que é cedo demais… na verdade não é, e quanto mais cedo os protegermos melhor!
Sabia que as investigações internacionais calculam que aproximadamente 1 em cada 6 meninos e 1 em cada 4 meninas são abusados sexualmente antes de fazerem 18 anos?! E mais preocupante ainda: apenas 10% dos perpetradores são pessoas estranhas para a criança?! Assustador, não?!
Claro que nunca teremos a certeza de eles estarem imunes a uma situação de abuso mas podemos ter a uma certeza de que podemos desenvolver neles competências para diminuir o risco de virem a ser potenciais vitimas.
Ficam aqui então algumas dicas para que possamos todos atuar para quebrar este ciclo e acima de tudo proteger os nossos filhos.
Usar os nomes corretos.
Embora muitas vezes usemos palavra como pipi ou pombinha ou pilau, é importante que as crianças desde cedo saibam os nomes corretos das suas partes privadas. Pode por exemplo usar livros ou imprimir bonecos para ajudar a explicar.
Proibido Tocar!
Explique que nenhum amiguinho criança, adolescente ou adulto pode tocar nas suas partes privadas, que ele nunca deve tocar nas partes privadas de outra pessoa, mesmo se a criança, adolescente ou adulto lhe pedir. E nunca deixar que vejam, tirem fotografias ou lhes mostrem fotografias de partes privadas de outras pessoas.
Fora com beijinhos quando eu não quero!
Desde cedo, ensine seu filho que o corpo deles é só deles. E que eles podem e devem dizer “não” se não querem dar beijinhos ou abraços a pessoas conhecidas ou menos conhecidas. Apesar de isto ainda ser pratica comum e de muitas vezes ser confundida com “boa educação” estamos na realidade a ensinar os nossos filhos de que sentir-se desconfortável ou invadido por alguém é algo normal e que devemos aguentar. Dar 5 ou atirar beijinhos já é um sinal de boa educação.
Estes estão no meu coração!
Ajude o seu filho a identificar as 3 ou 4 pessoas do seu coração, aquelas com quem ele se sente seguro e confiante e que acreditariam nele se ele contasse fosse o que fosse. Mas esta deve ser uma escolha dele, não uma imposição nossa.
Diga Não! Aos segredos.
Explique que na família não existem segredos, podem existir surpresas, mas não segredos. Por isso se alguém lhe pedir para guardar um segredo que eles devem explicar que: não guardam segredos. Em particular se esse segredo os faz sentir mal ou desconfortável.
Dói-dóis na Cabeça.
Ajude a identificar estes dói-dóis na cabeça (como um dia um menino de 4 anos lhes chamou), e a contar de imediato a alguma pessoa do seu coração que sente um dói-dói na cabeça. Temos um dói-dói na cabeça quando nos sentimos desconfortáveis ou com medo, isto normalmente faz com que eu sinta coisas na barriga, as pernas a tremer ou o coração a bater muito rápido. Estes devem ser para si também um sinal de alerta que deve valorizar. Aqui ajuda a encorajar o seu filho a contar-lhe o seu dia e como se sentiu nas diferentes situações
Arranje uma Palavra Mágica tipo “pêssegos”, essa é a palavra que o seu filho deve usar quando estiver numa situação em que se sinta desconfortável ou inseguro e que não consiga falar acerca disso no momento.
Mantenha-se informado.
Perceba mais acerca do modus operandi dos pedófilos, e comportamentos estranhos de adultos próximos de si e da sua família, normalmente estas pessoas tendem a ser muito atentos, solícitos e muito gentis com a criança mas também com a família para ganhar a sua confiança. E ensine a criança a sair de situações desconfortáveis dizendo por exemplo que querem falar com a mãe ou ir para casa.