O seu amor e o temperamento do seu bebé
Os nossos bebés são únicos e especiais. Eles crescem com o que podem, ou seja, com aquilo que os deixamos crescer.
Um aspeto daquilo que torna os nossos pequeninos tão únicos é o seu temperamento, aquilo que os torna tão exclusivos! Este aspeto não é algo que se possa escolher, pois trata-se da expressão de como o cérebro do nosso bebé se organiza, cresce e está arquitetado (desde o momento da concepção até ao momento do nascimento).
O temperamento desenvolve-se, então, desde cedo e é influenciado quer pela biologia, quer pelas experiências que os nossos bebés e crianças vivem (e essas experiências são da nossa responsabilidade, papás!), assim como tem e terá impacto na forma como a criança se vai relacionar com o mundo, com os outros e terá impacto na sua saúde mental e desempenho escolar. Então, sendo nós pessoas diferentes com características tão diferentes, assim são também os nossos pequenotes.
Partindo desta ideia da diversidade podemos falar de 3 + 1 tipos de temperamento. 3 + 1 sim! Podemos ter bebés com um temperamento fácil, bebés “difíceis de arrancar” e bebés com um temperamento difícil + bebés com temperamentos mistos. Quando falamos em bebés de temperamento fácil, estamos mesmo a falar em bebés que são muito fáceis de lidar, que se adaptam com naturalidade. Já bebés de temperamento difícil são, precisamente, o contrário dos bebés de temperamento fácil. São facilmente irritáveis e não têm uma grande tolerância à frustração, o que revela a sua dificuldade em se adaptarem a pequenas ou grandes mudanças. Os bebés “difíceis de arrancar” são pequenos que têm um tempo muito próprio para se adaptarem ou acalmarem. Chegam lá mas, no seu tempo. E, por fim, temos bebés de temperamento misto, o que quer dizer que reúnem características dos outros três temperamentos.
É através da reatividade sensorial (sensibilidade), intensidade emocional face ao estímulo (como reage), intensidade ao nível de atividade (motora), ritmicidade, adaptabilidade (adaptação à mudança), humor, distração e à persistência que conseguimos perceber que tipo de temperamento tem o nosso bebé.
As nossas histórias e o nosso temperamento tornam-nos únicos, assim como tornam únicos os nossos reguilas mas nem sempre é fácil lidarmos com o temperamento do outro, até mesmo se esse outro for o nosso bebé. Então, o que devemos fazer?
A palavra-chave não é mudar mas sim moldar. Moldar-nos ao nosso bebé. Percebê-lo, senti-lo, respeitá-lo e respeitarmo-nos. Conectar-nos melhor, adaptarmos as circunstâncias e respondermos melhor. E, o que é isto de respondermos melhor? Responder melhor é termos a sensibilidade, adequação e a dedicação de pensarmos o nosso pequenino. Estarmos atentos às suas necessidades. E, estando atentas conseguimos transformar as suas necessidades e respondermos melhor áquilo que o nosso pequenote precisa, tendo em conta aquilo que ele é. Este é o nosso grande super poder que tem que ver precisamente com esta capacidade de responder melhor: é a capacidade de transformar o mal-estar do nosso bebé em bem-estar e conforto. Regulando-o enquanto ele ainda não é capaz de o fazer sozinho (mais tarde ele irá conseguir auto-regular-se porque teve a nossa ajuda quando ainda era pequenininho!).
O temperamento será o primórdio da sua (e, nossa) identidade, juntamente com todas as experiências e momentos que damos e temos com os nossos bebés. O amor é a força motriz para aprendermos a aceitar que não temos culpa do nosso temperamento, assim como as nossas crianças não têm culpa do seu: elas dão o melhor que podem e conseguem com aquilo que têm e lhe damos.
Sermos flexíveis e termos o maior respeito pelos nossos pequenos são autênticos desafios e são esses que nos constroem como pais. Se somos responsáveis por ajudarmos a construir o cérebro dos nossos bebés, podemos também dizer que eles são os nossos engenheiros enquanto papás!