O impacto emocional do COVID 19 nas nossas crianças
À medida que o surto de COVID-19 / Coronavírus aumenta e a vida como a conhecemos parece estar a mudar a cada minuto, muito para além do nosso controlo, os pais estão a tentar lidar com esta nova situação, e a tentar de tudo.
Não vai demorar muito tempo até termos alguém na família, ou próximo, infetado. Mesmo com testes negativos, toda esta dúvida causa impacto.
Queremos estar preparados, em vez de panicar!
Tudo passa e isto também vai passar e daqui a umas semanas a dor que sentimos agora não vai ser a mesma quando olharmos para trás… para além disso, podemos aproveitar este tempo em que todos vamos estar mais horas em casa para tirar vantagem disso, sendo tempo bem passado em família… algo que andamos sempre a dizer que temos muito pouco.
Acho que o mais importante é reconhecer que gerir o Coronavírus como pais não é apenas verificar como os nossos filhos se estão a sentir fisicamente, ou dizer-lhes para lavar as mãos sem parar. Também é estar ciente do impacto emocional que isso pode causar à medida que a vida tal como a conhecemos vai mudando.
No que diz respeito às crianças e à forma como elas vão lidar com os próximos tempos de clausura em casa, sabemos que isso vai provocar nelas sentimentos de insegurança, incerteza e frustração, uma vez que vão ver as suas oportunidades de estar com os amigos canceladas. Se nós adultos temos alguma resistência à mudança, imaginem as crianças, em particular nos adolescentes, em que o seu cérebro está “on fire” e há energia para tudo… O facto de não poderem estar com os amigos tem um impacto muito maior. Aqui poderá ser a altura de ter o melhor que a net nos pode dar e fomentar algumas conversas por Skype entre eles.
As crianças demonstram a sua ansiedade de diferentes formas, dependendo da sua personalidade e do seu desenvolvimento: umas tendem a conseguir demonstrá-la através de palavras, tornando-se mais fácil para nós ajudar. Porém, outras irão fazê-lo através do corpo – dores de barriga, dores de cabeça, fadiga, comer demais, não comer… observe! Não desvalorize os sintomas que as crianças lhe apresentam porque todos os sintomas são reais.
Enquanto pais, somos os protetores e a nossa sensibilidade pode ajudar os nossos filhos, ninguém conhece melhor o seu filho e a forma como demonstra a sua ansiedade do que os próprios pais.
A observação do comportamento da sua criança e o seu instinto são as suas melhores ferramentas para poder ajudar o seu filho.
É importante pois, face a uma criança ansiosa, nunca negar os sentimentos dela, mas sim ajudá-la a sentir-se confortável, a falar consigo a cerca do que a incomoda e assegurar-lhe que vão ser capazes de lidar. Por ex: o Pedro ia ter outra festa, mas como fazer para ainda assim conseguir ter algum contato com o amigo?
A informação é das poucas coisas que pode acalmar o pânico, por isso é importante reforçar que por todo o mundo há adultos que nos vão ajudar (cientistas, médicos, enfermeiros, etc), isso vai deixá-los seguros. Tenha atenção para que o seu corpo também o transmita… Não ouvimos as palavras de alguém, se o corpo e toda a comunicação não verbal está a dizer outra coisa.
Dica: diga “eu não sei” se não souber a resposta. Não estamos a tentar dar falsas garantias, estamos a tentar criar segurança e previsibilidade.
Provavelmente faz como eu, quando vai no avião e sente turbulência, eu olho de imediato para as hospedeiras para avaliar a relevância da coisa, se elas continuam a fazer o seu trabalho e a servir os snacks, isso automaticamente deixa-me mais descansada. Curiosamente em termos psicológicos chama-se a isto Co-regulação – o facto de conseguirmos regular as nossas emoções através dos outros. E é isto que queremos que seja para o seu filho – a hospedeira que continua a servir os snacks – que o ajude a regular-se.
Confie no seu instinto e peça ajuda quando achar que não consegue lidar sozinha. Mostre ao seu filho e ajude-o a compreender que quer mesmo ajudá-lo, fazer alguma coisa para que ele fique melhor e por isso tem que procurar ajuda.
Mantra útil: “Tempos difíceis são uma oportunidade para a conexão humana. Este é um momento para fortalecermos nossas famílias.”
Este é também um momento em que nós, enquanto comunidade, temos que nos ajudar uns aos outros, por exemplo: leve medicamentos aos seus familiares mais velhos porque estão mais vulneráveis, ou leve alguns mantimentos ao vizinho que não se pode deslocar porque é mais idoso… são ótimos comportamentos e, certamente, uma lição de vida para os nossos filhos!
Por outro lado, se não conseguir implementar estas estratégias, ou se por algum motivo correr mal, tente não ficar demasiado ansiosa e pode sempre marcar uma consulta com a nossa equipa ForBabiesBrain, que poderá ajudá-la com qualquer questão que a preocupe.
Por último, mas não menos importante, lave as mãos e por favor fique em casa.