Porque é que no Japão os bebés dormem com os pais?
Dormir ou não com o bebé… Esta é uma das questões que mais pais traz ao consultório num misto de “vai-nos criticar” e o “estamos tão desesperados de sono que esta é a única solução que conseguimos arranjar”. E de facto. apesar de não ser uma prática culturalmente aceite e aconselhada, a verdade é que é a prática a que recorrem a maior parte dos pais em privação de sono, muitas vezes de forma esporádica e outras de forma regular.?
Mas na verdade não me preocupa que muitos pais estejam a fazer isto com os seus filhos. Preocupa-me o facto de muitas vezes se usar um discurso tão assustadoramente proibitivo que deixa de lado as questões mais básicas e importantes que são a segurança do bebé. Se hoje sabemos que os bebés dormem de forma diferente dos adultos, com mais despertares noturnos, e que os pais têm que trabalhar diariamente mesmo tendo um bebé em casa, é fácil de imaginar que em algum momento de desespero noturno (em que convenhamos, não estamos a gozar das nossas melhores capacidade de raciocínio) os bebés vêm para à cama dos pais em busca de umas horas de sono.
Não seria mais interessante assumir isto e ajudar os pais a dormirem com o seu bebé de forma segura?
Por isso, hoje partilho convosco um estudo de um professor e uma investigadora de Harvard, que enfatizam o facto de muitas culturas praticarem a cama partilhada e de isso até ser saudável para o bebé e para os pais, mostrando que as recomendações de não partilha de cama, possam não estar totalmente adequadas.
Parece que estamos a criar trabalho desnecessário aos pais ao pretender que eles durmam sozinhos no seu quarto.
Uma das conclusões é de que, quando observamos hábitos de outras culturas, percebemos que a cama partilhada com o bebé, é de facto a norma e não a exceção. A maioria das culturas Africana, Asiática e Latino Americana, praticam a cama partilhada e de algum modo até olham para nós como sendo os “estranhos”, até porque acham muito cruel deixar um bebé a dormir sozinho.
E quando se coloca a questão de estes Países terem taxas mais elevadas do Síndrome de Morte Súbita, este parece não estar relacionado com a partilha da cama uma vez que, olhando para o caso particular do Japão, um pais rico moderno e desenvolvido, onde quase todas as famílias partilham a cama com os seus bebés, o índice de morte infantil é praticamente nulo.
E curiosamente, embora os japoneses durmam com os seus filhos durante anos, estas crianças não demonstram sinais de dependência excessiva dos seus pais bem como são consideradas das mais responsáveis e independentes no mundo.
Esta investigação vem chamar a atenção para o trabalho desnecessários que a nossa sociedade está a dar aos recém papás e mamãs ao colocar o bebé a dormir noutra cama e passar a noite a “fazer piscinas”. Inclusive, algumas destas mamãs nestas culturas nem sequer compreendem a ideia dos bebés acordarem de noite para mamar ser um problema, porque amamentar na mesma cama para elas não representa qualquer disrupção do sono.
Para a minha família esta sempre foi a nossa pratica com a nossa filha!? Sempre senti que estávamos a fazer a coisa certa (com os devidos cuidados, é claro) mas é sempre bom ver investigações cientificas a corroborarem a ideia de que a partilha da cama com o bebé desde que em segurança tem vantagens para o bebé.