Já parou para pensar quantas vezes diz NÃO ao seu filho?!

O primeiro instinto dos pais é, normalmente, dizer que não. Por isso, estima-se que as crianças ouvem entre 50 a 80 vezes por dia a palavra NÃO.
Imagine-se a si próprio a ouvir tantas vezes não a tudo aquilo que queria fazer. Bem complicado, não acha? No workshop que dei sobre pais imperfeitos foram várias as perguntas sobre as birras, os limites e os “nãos”. E uma dúvida recorrente dos pais que vêm às nossas consultas é como é que podem utilizar o seu “não” sem recorrer à ameaça. Na verdade, todos nós dizemos demasiados “nãos” porque muitas vezes é uma resposta automática e também porque está gravado em nós todos aqueles “nãos” que ouvimos na nossa infância. Todos os pais desejam que os seus filhos simplesmente aceitem quando lhes pedimos que façam alguma coisa e que concordem facilmente quando dizemos que não. No fundo queremos que eles cooperem connosco.
O NÃO pode ser SIM
Felizmente, é realmente possível ajudar as crianças a cooperar sem recorrer a gritos, ameaças ou manipulações. Como substituir o tão automático “NÃO” por alguns “SINS” e outros truques. Sim, ouviu bem substituir alguns “nãos” por “sins”. Não proponho que deixe de dizer não, mas sabe-se que uma abordagem mais positiva nos conecta mais aos nossos filhos, fá-los sentir-se mais autónomos e independentes e que, no fundo, respeitamos os seus sentimentos e desejos. Embora respeitar não queira dizer ceder a tudo o que nos pedem. Não se esqueça ainda que muitos “nãos” aumentam a frustração ao longo do dia e tornam o seu filho mais propenso a birras recorrentes, porque está sempre no limiar de explodir, uma vez que tudo o que deseja é NÃO. No entanto, nunca se esqueça que as crianças necessitam de limites consistentes. Estes dão à criança uma sensação de segurança e proteção.
Seguem então alguns segredos para evitar os milhões de “nãos” e promover mais “sins”:
1º Seja concreto e específico no que deseja que ele faça.
Eles ainda estão a aprender a pensar e a entender instruções. Para uma criança o NÃO transmite alguma desaprovação, será melhor utilizar uma instrução mais especifica.
2º Minimize a necessidade de dizer não.
Por exemplo, veja se a sua casa é um ambiente propício para crianças ou se é um ambiente em que precisa constantemente de dizer que não a tudo o que o seu filho toca?
3º Redirecione a sua atenção.
Afastar o seu filho do foco de conflito é muitas vezes necessário para evitar uma tempestade, como “Vamos ali ver o peixinho ao aquário e mais tarde voltamos a fazer isto”.
4º Use as palavras que transmitem ação.
“Larga o cabelo do menino” ou “Para de molhar tudo” fornece informações mais concretas do que dizer que não, enquanto continua a transmitir a mensagem de que o que ele está a fazer não está bem. Digamos que a gramática da construção da frase na negativa pode ser confusa para crianças pequenas.
5º Dê alternativas positivas.
O que gostaria que o seu filho fizesse em vez da ação proibida? Uma instrução positiva permite que ela saiba como se comportar de maneira a obter a sua aprovação.
6º Dê explicações simples.
As crianças não conseguem seguir argumentos complicados, seguem melhor explicações simples (“Bater na Televisão pode partir”) ajudam a entender. A palavra “perigo”, quando é realmente perigoso, costuma funcionar muito melhor que um não. Diga: Atenção, perigo! (O fogo é perigoso, queima).
7º Tenha um sinal de aviso.
Uma frase ou som que indica que ele está no caminho errado. “Haaammm, Stopp, Alto lá!”. Muitas vezes ao ouvirem estas interjeições os nosso filhos param imediatamente porque são mais chamados atenção do que com um simples e automático NÃO.
8º Pergunte-lhe a regra que definiram.
Quando as crianças violam uma regra que aprenderam, pergunte-lhe qual é que foi a regra que estipularam. Isso ajuda a reforçar que eles conheçam a regra, e os pais não estão a ficar super zangados, estão sim a dar a chance de se corrigir e fazer o que é certo.
9º Peça um tempo para pensar.
Diga, “deixa-me pensar um pouco”. Na verdade, este tempo será importante para avaliar a situação e ponderar a sua resposta.
10º Dizer “Sim…, mas…”.
Pode dizer: “Sim vamos brincar mas primeiro vamos arrumar este brinquedo que já não estamos a usar”. Isto ajuda a gerir o desejo de conseguir o que quer, mas cumprindo as nossas regras.
11º Ponha o seu pequenote a argumentar.
Porque é que eu devo deixar fazer isso? Estimule assim a sua capacidade argumentativa, algo tão importante para o seu futuro. Fica com algum tempo para ponderar se pode ou não, enquanto estimula o seu cérebro.
12º Crie o frasco do SIM.
Pode colocar num frasco vários pequenos prémios, como uma goma saudável, um pequeno brinquedo, ir dar um passeio ao parque etc. E aproveite para, de vez em quanto, elogiar e congratular o seu comportamento desejado. Quando eles recebem algo inesperado eles adoram. Isto não é só reforçar positivamente, é algo que todos nós gostamos.
Ou seja…
Os nãos às vezes continuam a ser necessários e saiba que pode e deve dizer não quando: alguém pode sair magoado, quando é algo perigoso, quando é algo que está fora do seu alcance e quando é algo que eles mesmos sabem e podem fazer sozinhos e com pouco esforço.
Esteja sempre consciente de que dizer mais “SINS” irá ter um ótimo impacto no seu filho. Dizer que sim muitas vezes não é fácil mas vale a pena o esforço! Perceba que todos os dias pode melhorar a sua relação com o seu filho e ao final de algum tempo terá um ambiente familiar bem mais saudável.
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