Cuidar da mente para além do corpo
Sabia que os primeiros anos de vida de uma criança são os mais importantes, desde o desenvolvimento embrionário até aos 6 anos de idade?
Os bebés saudáveis são mais propensos tornarem-se crianças saudáveis e crianças saudáveis são mais propensas a crescer e se tornarem adolescentes e adultos saudáveis. Diria que se trata da verdadeira “pescadinha de rabo na boca!”
As mudanças que ocorrem no desenvolvimento do bebé durante os primeiros anos de vida são verdadeiramente notáveis, por isso os pais, mas também os profissionais que lidam e cuidam do Bebé, devem ter em atenção os seus marcos de desenvolvimento: quando começam a sorrir, a rir, a dormir a noite toda, a gatinhar, a caminhar, a conseguir fazer desenhos, a falar e tantos outros momentos.
As crianças desenvolvem-se num contínuo, ou seja, todos os aspectos físicos, cognitivos e emocionais vão-se alterando e evoluindo gradualmente. Este desenvolvimento é influenciado por vários fatores, como o género, geografia (local de nascimento) mas em particular pelas primeiras experiências.
A maioria dos bebés saudáveis precisam, essencialmente, que estejamos atentos à sua alimentação, mudas de fralda, carinho e cuidado. Isso não quer dizer, contudo, que as visitas de rotina ao pediatra não são necessários para manter a saúde do seu bebé. Estas visitas são muito importantes quer para as questões associadas à vacinação como ao acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento, permitindo também discutir quaisquer questões ou preocupações que os pais possam ter. No entanto, deixamos muitas vezes de lado as avaliações da parte Psicológica, ou seja, aquilo que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo, comportamental e emocional…A questão é: porquê??
Tendo em conta que estas áreas de desenvolvimento na primeira infância estão diretamente relacionadas com a aquisição de determinadas competências que permitem às crianças ter, por exemplo, sucesso escolar e sabendo nós que irão influenciar a sua forma de lidar com o mundo para toda a vida, será que devemos deixar que se desenvolvam ao acaso!? Ou não seria melhor, e de acordo com a recomendações internacionais como a Associação Americana de Pediatria, que as nossas crianças pudessem ser avaliadas desde o início da vida e os pais orientados para essas etapas de desenvolvimento?
Através da observação cuidadosa, avaliação e comunicação com os cuidadores da criança, os profissionais de saúde podem obter uma imagem clara da criança e assim identificar riscos, preocupações ou atrasos através da avaliação clínica cognitiva, comportamental e emocional, salientando ainda mais a importância da prevenção em saúde pediátrica.
Os estudos demonstram um crescente reconhecimento da importância da saúde mental na avaliação pediátrica, tendo alguns países adotado medidas para incentivar uma mais abrangente e eficaz identificação, prevenção e cuidados para distúrbios de saúde mental na prática pediátrica.
As recomendações internacionais, sugerem que:
– a avaliação do desenvolvimento psicossocial e comportamental deve ser realizada logo após o nascimento, mantendo-se com uma frequência entre 2-3 meses sensivelmente até aos 2 anos de idade.
– o despiste das perturbações do espectro do autismo deve ser realizado entre os 3 e 4 meses de idade.
– o “rastreio” desenvolvimental deverá ser aplicado aos 9 meses.
Os psicólogos, como especialistas em avaliação, desenvolvimento e saúde mental, detêm um importante papel no uso dos recursos da criança e da sua família para a promoção da saúde e desenvolvimento “saudável”. Ao estarmos sensibilizados para todos os aspectos do desenvolvimento do bebé, seremos mais capazes de iniciar uma intervenção precoce. Esta intervenção leva ao aumento da estimulação cerebral num momento em que o cérebro da criança é mais receptivo e maleável.
Todos os Pais querem que o seu bebé venha a ser a “a melhor versão de si próprio”.